Especialistas debateram propostas em audiência do Conselho de Comunicação para incentivar a produção jornalística e fortalecer regimes democráticos.
O Conselho de Comunicação Social do Congresso realizou uma reunião nesta segunda-feira (4) para discutir propostas que visam obrigar plataformas digitais a remunerar pelo uso e compartilhamento de conteúdo produzido por empresas jornalísticas.
Durante a audiência, houve debates entre conselheiros, especialistas e membros da sociedade civil sobre os formatos e o impacto da medida no campo jornalístico.
Há propostas em discussão no Congresso que incluem essa medida, tendo como exemplo países como Austrália, Canadá e Indonésia. O encontro desta segunda-feira será a base para a produção de um relatório do conselho, que será utilizado como consulta pelo Parlamento sobre o assunto.
Associação Nacional de Jornais defende pagamento por conteúdos jornalísticos
O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, debateu nesta segunda-feira a importância da remuneração dos conteúdos jornalísticos como forma de garantir a liberdade de imprensa e manter a democracia. Para ele, a liberdade de imprensa depende da existência da imprensa profissional, que enfrenta ameaças financeiras em diversos países.
Rech enfatizou a necessidade de assegurar a remuneração das empresas jornalísticas diante do cenário de limpeza da poluição social vinda das plataformas digitais, resultante da produção de desinformação e discursos de ódio. Ele defendeu que as plataformas, mesmo que não utilizem o conteúdo jornalístico, paguem parte da limpeza dessa poluição social, argumentando que o jornalismo profissional possui a capacidade técnica e os instrumentos para realizar essa limpeza parcial.
Plataformas digitais como portas de acesso ao fluxo de notícias
A doutora em ciência política Marisa von Büllow ressaltou a importância das plataformas digitais como portas de acesso ao fluxo de notícias, mas apontou a falta de transparência sobre o funcionamento dessas plataformas, os acordos em países que remuneram o jornalismo e a forma como os conteúdos são impulsionados. Essas deficiências, segundo a professora, dificultam o processo de decisão no Legislativo.
Ela destacou que é uma oportunidade importante para o Brasil e o Congresso Nacional fazer propostas com impacto significativo em diversos países, mas frisou a necessidade de um diagnóstico mais apurado.
Busca por soluções de curto e longo prazo, além de uma política de Estado
Francisco Britto Cruz, diretor executivo do InternetLab, salientou a importância de buscar soluções de curto e longo prazo para lidar com a crise enfrentada pelo jornalismo profissional. Ele defendeu a necessidade de aprovar medidas imediatas para resolver a crise, ao mesmo tempo em que se pensa em políticas de Estado de longo prazo para enfrentar futuros desafios.
Os especialistas presentes na audiência também manifestaram preocupações com o uso de conteúdos jornalísticos em bancos de dados de ferramentas de inteligência artificial sem autorização ou contrapartidas financeiras. Rech enfatizou que, segundo especialistas, cerca de 30% dos conteúdos utilizados por desenvolvedores de inteligência artificial são originados do jornalismo profissional, necessitando de uma devida taxação ou compensação financeira.
Fonte: G1 – Política
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