Projeto de Fernando Goldsztein financia pesquisas para mudar vidas com diagnóstico de tumor cerebral por ressonância magnética e tratamento cirúrgico em Boston.
A maior transformação na minha vida ocorreu em 7 de novembro de 2015, quando eu e minha esposa fomos informados da notícia impactante de que meu filho mais velho, Frederico, com 9 anos naquela época, estava com um tumor no cérebro. Denominado meduloblastoma, é o tipo mais comum de câncer cerebral na infância, afetando aproximadamente 25 000 crianças por ano em todo o mundo, buscando a cura como principal objetivo.
Após recebermos o diagnóstico, iniciamos imediatamente o tratatamento para o meduloblastoma, buscando uma solução para essa situação desafiadora. Enfrentamos juntos cada etapa, confiantes de que a ciência e os avanços médicos poderiam oferecer um remédio para Frederico, mantendo a esperança viva em nossos corações.
Em busca da cura: uma jornada de esperança e perseverança
Não é algo que tenha relação com histórico familiar, é simplesmente uma questão de acaso. O diagnóstico é estabelecido por meio de uma ressonância magnética após o surgimento de sintomas como dores de cabeça, vômitos e visão dupla. O tratamento, que inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia, é fundamental, mas a doença ainda não possui uma cura definitiva. No entanto, a esperança persiste, pois acredito que a cura é algo que encontrarei no futuro.
Deveria ser proibido uma criança enfrentar o câncer. A tristeza que essa realidade traz entre os adultos é ampliada quando se trata de alguém que tem toda uma vida pela frente. Em 2015, Frederico passou por uma cirurgia e, no ano seguinte, mudamos para Boston, nos Estados Unidos, onde ele recebeu tratamento sob os cuidados do renomado especialista em tumores cerebrais pediátricos, o médico Roger Packer, do Children’s National Hospital.
Infelizmente, cerca de um terço dos pacientes enfrenta a recorrência da doença. Infelizmente, isso foi o que aconteceu com meu filho. O tumor retornou em 2019, e ele participou de dois estudos clínicos com terapias experimentais nos EUA. Em 2021, após uma conversa com o Dr. Packer, compreendi que a medicina não tinha mais recursos para tratar meu filho e outras crianças com essa doença.
Essas crianças foram deixadas para trás, presas a um protocolo terapêutico antiquado, criado na década de 1980, que se mostrou ineficaz, tóxico e gerador de graves sequelas. A única maneira de tentar mudar essa realidade é investir em pesquisa científica. Por isso, decidi fazer uma doação de 3 milhões de dólares à instituição de Packer para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para combater esse tumor.
Inspirado pelo que ele me apresentou, fundei o The Medulloblastoma Initiative (MBI), uma iniciativa filantrópica que busca financiamento privado para pesquisas sobre o meduloblastoma e apoia um consórcio de treze laboratórios, reunindo os melhores cientistas do mundo, incluindo profissionais dos EUA, Canadá e Alemanha, trabalhando de forma colaborativa e sinérgica sob a liderança de Packer.
Eu senti a necessidade de agir. Sempre vivi no Rio Grande do Sul, sou empresário da construção civil e, além de Frederico, tenho outro filho, Henrique. Assim, encontrar a cura para essa doença se tornou minha missão de vida. E estamos progredindo significativamente.
Em três anos, conseguimos aprovar dois ensaios clínicos para tratamentos inovadores baseados em imunoterapia na FDA, algo inédito e extraordinário, resultado de um trabalho conjunto intenso. Os investimentos já ultrapassam os 10 milhões de dólares, e continuo acompanhando de perto todos os avanços.
Estamos prestes a iniciar os primeiros testes em pacientes nos EUA, e se for bem-sucedido, traremos a pesquisa para o Brasil em breve. Quanto a meu filho, em 2022, o câncer retornou mais uma vez, mas ele passou por uma cirurgia para a remoção do tumor e está se recuperando bem. Aos 17 anos, ele segue em tratamento, levando uma vida normal, algo que difere de tantos outros jovens que, devido a tratamentos ultrapassados, enfrentam efeitos colaterais devastadores.
Fonte: @ Veja Abril
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