Acordo de Barbados prevê eleições em 2024 e libertação de opositores presos. Venezuela expulsou funcionários da ONU e inabilitou opositora.
Segundo fontes ouvidas pela GloboNews nesta sexta-feira (16), diplomatas brasileiros estão preocupados com a situação na Venezuela. Eles acreditam que Nicolás Maduro está desrespeitando o acordo que prevê eleições no país ainda este ano e a libertação de opositores presos, agindo na contramão do que foi estabelecido.
Além disso, na quinta-feira (15), o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, anunciou a saída de funcionários do Alto Comissariado de Direitos da ONU do país, o que levantou ainda mais preocupações sobre o processo eleitoral na nação vizinha.
ONU repreende a Venezuela pelo combate à fome
O Alto Comissariado de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU) repreendeu o governo venezuelano por seu programa ineficiente de combate à fome, considerando-o suscetível a influências políticas.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, acusou o grupo de agir em favor de ‘golpistas’ e ‘terroristas‘, ameaçando expulsar os funcionários da ONU do país se não retificarem o relatório.
Além disso, a prisão da ativista Rocío San Miguel foi condenada pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, pelos Estados Unidos e por organizações humanitárias. San Miguel está detida na sede do serviço de inteligência, em Caracas, devido às suas denúncias de tortura sofrida por detidos pelo governo.
Em outra polêmica, o Supremo Tribunal de Justiça, aliado a Maduro, inabilitou Maria Corina Machado, opositora de Maduro, que era candidata às eleições deste ano.
Governo Lula buscava diálogo com Maduro
De acordo com diplomatas da GloboNews, durante 2023, o governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, buscou se aproximar de Nicolás Maduro e costurou o Acordo de Barbados, que contemplava a realização de eleições neste ano e a libertação de opositores presos. Agora, frente aos novos acontecimentos na Venezuela, membros do governo brasileiro avaliam que a situação se agravou, sendo necessária uma reavaliação e novas negociações.
Há divergências entre os diplomatas sobre qual postura o Brasil deve adotar diante da atuação de Maduro contra o processo eleitoral e do descumprimento do acordo. Alguns acreditam que o país não deve adotar um tom mais ‘duro’, a fim de preservar os canais de diálogo, enquanto outros defendem uma mudança de postura e uma abordagem mais crítica.
Em 2022, durante uma visita de Maduro ao Palácio do Planalto, Lula foi criticado por fazer uma declaração à imprensa em que afirmava que o presidente venezuelano era alvo de ‘narrativas’ sobre a democracia no país. A estratégia do governo brasileiro era buscar uma aproximação com Maduro, justificando uma declaração mais amena dada por Lula, apesar das críticas recebidas na época.
Nova embaixadora brasileira em Caracas
Após seis anos sem embaixador em Caracas, o Brasil indicou a diplomata Glivânia Oliveira para o posto. Segundo o Itamaraty, ela já está na Venezuela e servirá como ‘ponto de apoio importante’ em meio ao atual cenário no país, antes que o Brasil decida seus próximos passos em relação a Maduro.
Fonte: G1 – Política
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