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Penas vermelhas de ave, semelhantes a mantos de confecção, pesquisadora Amy Buono, Universidade Chapman, Museu Nacional da Dinamarca.
O resgate de um dos mantos tupinambás, confeccionado com plumas vermelhas da ave guará, de volta ao Brasil, após mais de trezentos anos guardado na Dinamarca, foi motivo de festa para a comunidade indígena que reside no sul da Bahia. O manto foi gentilmente cedido pelo Museu Nacional dinamarquês ao Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A história por trás dos mantos tupinambás revela a riqueza cultural dos povos indígenas brasileiros, que utilizavam esses artefatos como importantes vestimentas em cerimônias e rituais. Os mantos plumários, característicos dos tupis, são verdadeiras obras de arte que representam a tradição e a beleza da cultura indígena, preservando assim a história e a identidade desse povo ancestral.
Mantos Tupinambás: Artefatos Indígenas de Valor Inestimável
No entanto, outros dez mantos semelhantes, também confeccionados com penas de guará, permanecem em museus europeus, de acordo com a pesquisa realizada pela pesquisadora norte-americana Amy Buono, da Universidade de Chapman. Além do manto devolvido ao Brasil, existem quatro mantos no Museu Nacional da Dinamarca. No Museu de História Natural da Universidade de Florença, na Itália, há mais dois mantos tupinambás.
Os mantos indígenas, conhecidos como assojaba ou guara-abucu na antiga língua tupi, foram todos produzidos entre os séculos XVI e XVII. Eram utilizados em cerimônias religiosas nas comunidades indígenas e em assentamentos missionários durante os primeiros séculos de colonização. Artefatos plumários, como panos feitos com penas coloridas, já eram parte da cultura tupi antes da chegada dos portugueses, conforme descrito por Pero Vaz de Caminha em sua carta ao Rei Dom Manuel de Portugal.
Os mantos tupinambás são peças de grande significado histórico e cultural, testemunhos vivos da rica tradição indígena brasileira. A cacique Jamopoty, líder dos tupinambás de Olivença, na Bahia, destaca a importância de trazer de volta esses mantos que estão fora do país. Ela ressalta a necessidade de devolver o que pertence aos povos indígenas, enfatizando que o pertencimento fortalece a identidade e a história de um povo.
A luta pela repatriação dos mantos indígenas é uma batalha antiga, iniciada em 2000 pela liderança tupinambá Amotara e continuada por Jamopoty. Após anos de esforços, um dos mantos retornou ao Brasil, mas ainda há outros mantos dispersos em museus europeus. A devolução dessas peças é fundamental para preservar a herança cultural dos povos indígenas e reconhecer sua importância no contexto histórico brasileiro.
O governo brasileiro tem se empenhado em repatriar artefatos indígenas, como evidenciado pelo retorno de 585 peças do Museu de História Natural de Lille, na França, na última quarta-feira (10). Essa iniciativa visa resgatar a memória e a identidade dos povos indígenas, valorizando sua contribuição para a história e a cultura do Brasil. Os mantos tupinambás são tesouros que merecem ser preservados e apreciados por gerações futuras.
Fonte: @ Agencia Brasil
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