Mês em foco: IPCA+ títulos vermelhos em abril. Volatilidade dominou, discutido fiscal brasileiro de 2025 e reforma tributária. Período marcado por mudança na meta fiscal e ciclo de cortes de juros nos EUA.
O mês de abril se despediu, mas não antes de abrir caminho para que maio se revele tão agitado, no cenário da renda fixa. Dentro desse universo, os títulos de dívida pública têm chamado atenção de investidores em busca de segurança.
Enquanto os investidores avaliam suas opções em busca de rendimento fixo, a renda fixa ganha destaque como uma alternativa para proteger o capital em meio à incerteza do mercado financeiro.
Discussão sobre Renda Fixa e a Situação Fiscal Brasileira
Não é à toa que o Tesouro IPCA+ 2029, com prazo mais breve, fechou o período oferecendo 6,21% de rendimento fixo, um valor semelhante ao registrado no ano passado, quando a situação fiscal do Brasil apresentava nuances distintas. Mas o que motivou essa oscilação?
Após a divulgação de dados econômicos, especialmente informações sobre inflação acima do esperado nos Estados Unidos, ficou evidente que o ciclo de redução de juros por lá terá início mais tarde do que se previa. Esse cenário, aliado à situação fiscal brasileira, que inclui mudanças na meta fiscal de 2025 e debates sobre reforma tributária em destaque, teve um impacto direto no aumento das taxas (e na diminuição dos preços) dos títulos.
Naturalmente, o aumento das taxas leva os investidores a buscar ativos mais seguros, que ofereçam um retorno maior com menor risco. Nesse contexto, os títulos americanos entram em cena. Por outro lado, em períodos de incerteza, alguns títulos de renda fixa se tornam mais atrativos, como é o caso dos papéis vinculados à inflação no Brasil.
Dessa forma, diante do panorama tanto nacional quanto internacional, a recomendação continua sendo a alocação em títulos do Tesouro IPCA+, optando pelos vencimentos de 2029 e 2035, no máximo. Além disso, é difícil fazer previsões para prazos mais longos, dadas as variáveis em jogo. A menos que haja uma redução significativa de interferências políticas, consolidação da inflação em direção à meta a médio prazo e menor risco fiscal, é possível que ocorra uma diminuição do prêmio de risco dos títulos públicos reais. Caso contrário, a proteção contra a inflação proporcionada pelos títulos será crucial.
Conforme Vinícius Romano, especialista em renda fixa da Suno Research, a volatilidade dos investimentos em renda fixa, principalmente a marcação a mercado, pode impactar tanto positiva quanto negativamente os investidores. A oscilação dos preços dos títulos pode resultar em mais riscos, mas também em maiores oportunidades de retorno. Portanto, é importante considerar o horizonte de investimento para evitar perdas temporárias na carteira.
Análise dos Números de Abril
Em relação aos números de abril, chama a atenção as quedas dos títulos do Tesouro IPCA+, que fecharam o mês no vermelho. O destaque vai para a queda de 4,49% do título com vencimento em 2045, que oferece atualmente uma taxa de 6,12%.
Dentre os títulos indexados à inflação, o papel com vencimento em 2029, que era o que mais proporcionava retorno real, caiu 1,68% em rentabilidade no último mês. Já entre os papéis prefixados, houve mais desvalorizações. Os títulos com prazo de 2027 e 2031 declinaram 0,57% e 2,45%, respectivamente.
Por outro lado, o Tesouro Selic continua a trazer boas notícias, com os títulos com vencimento em 2027 e 2029 apresentando avanços de 0,89% e 0,86%, respectivamente. É importante lembrar que, tanto nos títulos prefixados quanto nos indexados ao IPCA, um aumento nas taxas implica em uma diminuição no valor dos papéis, o que pode resultar em perdas temporárias para os detentores dos títulos.
Portanto, a marcação a mercado pode introduzir volatilidade nos investimentos em Tesouro Direto, oferecendo tanto oportunidades de aumento de rentabilidade quanto riscos de prejuízo, especialmente para os investidores que realizam resgates antes do prazo combinado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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