Médicos renomados do Brasil explicam a importância da abordagem precisa e compassiva no Dia Mundial de Obstáculos.
Em destaque nos debates online e offline, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica bastante presente em nossa sociedade, porém cercada por equívocos e estigmas. Atualmente, estima-se que mais de 2 milhões de crianças e adolescentes brasileiros sejam diagnosticados com TDAH, tornando-o o transtorno neuropsiquiátrico mais comum nessa faixa etária.
Em um contexto onde o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é cada vez mais discutido, é fundamental desmistificar informações e promover a compreensão sobre essa condição. A educação e a conscientização são essenciais para garantir o apoio adequado a quem vive com TDAH e para combater o estigma associado a esse transtorno.
TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Enquanto nas crianças e adolescentes a prevalência estimada é ao redor de 5%, nos adultos cerca de 3% também sofrem do TDAH. Trata-se de uma condição com grande impacto psicológico e social, pois o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa prejuízos significativos em diversos contextos de vida – acadêmico, profissional, social, familiar, pessoal.
Transtorno do Neurodesenvolvimento e Dia Mundial de Obstáculos
O Dia Mundial de Conscientização e Sensibilização sobre o TDAH, celebrado todo dia 13 de julho, foi criado para combater estigmas e fornecer conhecimento baseado em evidências às pessoas com esse transtorno, reconhecendo que a educação e informação são fundamentais para melhorar suas vidas.
Desmistificando Mitos sobre o TDAH
Entre os maiores obstáculos enfrentados por quem tem a condição estão os preconceitos e mitos arraigados na sociedade. Listo e desfaço cinco deles a seguir:
1. ‘TDAH é causado por má educação ou pais negligentes’: trata-se de uma condição neurobiológica de causa multifatorial e importante substrato genético. Fatores de risco ambientais podem influenciar, mas não são a causa direta. E, por melhor que seja, não existe mãe ou pai capaz de impedir a manifestação do transtorno.
2. ‘Todos com TDAH são hiperativos’: nem todas as pessoas com TDAH apresentam sintomas de hiperatividade. Existem três principais subtipos de apresentação – predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo e o combinado.
3. ‘Pessoas com TDAH são menos inteligentes’: o TDAH não está relacionado com a inteligência. A maioria dos pacientes tem quociente de inteligência preservado dentro da média. Muitas pessoas apresentam habilidades intelectuais e criativas excelentes, e por vezes, até acima da média (o que configura dupla excepcionalidade: TDAH com altas habilidades).
4. ‘Medicação é a única forma de tratamento’: o tratamento do TDAH é multidimensional e interdisciplinar. As medicações – quando bem indicadas – são importantes sim, mas outras abordagens não farmacológicas também apresentam evidências científicas robustas e são complementares aos remédios. Elas incluem terapia comportamental, treinamento de habilidades sociais, planos educacionais individualizados, ajustes nos ambientes acadêmico e profissional, orientação parental e psicoeducação.
5. ‘Pessoas com TDAH simplesmente precisam tentar se concentrar’: o transtorno traz um desequilíbrio de neurotransmissores (substâncias que ‘ligam e desligam’ circuitos cerebrais), trazendo dificuldades em habilidades como controle inibitório e regulação emocional. Portanto, não se trata, simplesmente, de ‘esforçar-se mais’.
Desmistificar esses mitos é crucial para promover uma compreensão mais precisa e compassiva do TDAH, permitindo que pessoas acometidas recebam o tratamento necessário para gerenciar sua condição de maneira mais eficaz. Além dos sintomas principais, pessoas com TDAH, frequentemente, apresentam comorbidades, tais como autismo, transtornos de aprendizagem, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
Fonte: @ Veja Abril
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