Liderada por nós, equipe descobriu ORF6 proteinha do COVID que engana imuno, encontrou tratamento potencial: imunoevasão, proceso chamado. Proteína ORF6: potencial tratamento against covid. (148 caracteres)
Ao se despedir do pai para seguir o sonho de concluir o doutorado na renomada Harvard Medical School, nos Estados Unidos, no fim de janeiro de 2020, a cientista brasileira Marcella Cardoso, de Campinas, não fazia ideia de que essa seria a derradeira vez que o veria em vida. A filha recorda de Luiz Carlos Cardoso, com seus imponentes 1,96 metros, como um indivíduo saudável e forte ‘em todos os aspectos’.
A covid-19 chegou de forma avassaladora, transformando-se em uma pandemia mundial que alterou drasticamente o cotidiano das pessoas. A doença revelou-se como um quadro grave e desafiador, impactando não apenas a saúde física, mas também a estabilidade emocional da população. Diante desse cenário, é fundamental manter-se informado e seguir as orientações das autoridades de saúde para conter a propagação do vírus.
Estudo Revela Novas Descobertas Sobre Imunoevasão do Vírus da Covid-19
Nunca antes na vida, testemunhei ele ceder nem diante de uma febre passageira. Contudo, no ano de 2021, durante uma das fases mais críticas da pandemia da covid-19 no Brasil, ele, com seus 67 anos, foi acometido pela doença, evoluindo rapidamente para um quadro grave e, infelizmente, não resistiu. A perda dele representou um impacto avassalador não apenas para Marcella, mas também para toda a equipe médica que se dedicava a seu cuidado.
Uma questão persistia martelando na mente de Marcella: por que alguém tão saudável e robusto como seu pai sucumbiu à covid-19? Atualmente, aproximadamente três anos após o falecimento de seu pai, ela contribui para trazer uma possível resposta por meio de um estudo publicado recentemente na conceituada revista científica Cell. Juntamente com a equipe que liderou, identificou qual proteína – a ORF6 – auxilia o vírus causador da covid-19 a escapar do nosso sistema imunológico e a passar despercebido pelas células de defesa, em um processo conhecido como imunoevasão.
Além disso, identificaram uma promissora abordagem de tratamento para combater essa nova estratégia do vírus. Essa descoberta é fruto do trabalho de pós-doutorado de Marcella, iniciado logo após o ocorrido com seu pai, no Ragon Institute, uma instituição americana vinculada ao Massachussets General Hospital, ao Massachussets Institute of Technology (MIT) e à Universidade Harvard, dedicada a apoiar pesquisas sobre a interação do sistema imunológico com doenças.
Embora para muitos esse estudo represente uma importante contribuição para a ciência, para Marcella ele também simboliza uma homenagem afetiva a seu pai. ‘As pessoas me diziam: ‘Você é corajosa! Mal teve tempo de processar a perda de seu pai e já está envolvida com a doença que o levou’. Mas acredito que isso também foi uma forma de cura para mim’, compartilhou ao Estadão. ‘A cura para a perda nunca chegará. Entretanto, acho que esse processo foi benéfico nesse sentido, pois consegui manter a presença do meu pai viva em mim.’
Uma das lições que ela carrega consigo é a habilidade de transformar o caos em motivação e evolução pessoal. Filha de uma professora e de um corretor de imóveis, Marcella teve uma trajetória educacional mesclada entre escola pública e particular, sempre com apoio de bolsas de estudo. Esse contexto proporcionou a ela uma visão aguçada sobre desigualdade e a consciência de que seu caminho para alcançar seus objetivos seria desafiador.
‘Quando frequentava uma escola privada, o contraste entre as residências luxuosas de minhas colegas e minha casa modesta, desprovida de muitos confortos, era evidente’, recorda. ‘Minha mãe sempre me alertava desde pequena: ‘Marcella, se deseja mudar sua realidade, precisa se dedicar aos estudos’’. E assim ela fez, seguindo os passos até alcançar seu doutorado na Harvard Medical School, onde se dedicou a investigações que resultaram nesse significativo avanço no campo da imunologia associada à covid-19.
Fonte: @ Estadão
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