Microrganismos são responsáveis por infecções e hospitalizações. Medicamentos e moléculas como anticorpos combatem bactérias resistentes como zosurabalpina.
O uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana, tornando esses medicamentos menos eficazes no tratamento de infecções. Por isso, é importante seguir as orientações médicas e usar os antibióticos apenas quando necessário. Além disso, é imprescindível concluir todo o ciclo de tratamento com o antibiótico, mesmo que os sintomas tenham desaparecido, para garantir a erradicação completa da infecção.
Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença de substâncias estranhas, como bactérias e vírus. No entanto, em casos de infecções bacterianas, quando os sintomas são graves, o médico pode prescrever um fármaco antibiótico para ajudar no combate à infecção. É importante seguir corretamente as instruções de uso do remédio e informar o médico sobre qualquer reação adversa.
Nova descoberta de medicamento pode auxiliar no combate a gripes resistentes
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pesquisadores descobriram uma nova classe de antibióticos capaz de matar bactérias multirresistentes a drogas, um problema de saúde global que preocupa autoridades de saúde.
Ação dos antibióticos contra bactérias multirresistentes
A resistência a antibióticos ocorre quando cepas de microrganismos que antes respondiam a tratamentos com os antimicrobianos passam a não ser mais suscetíveis, prolongando as infecções, causando novas hospitalizações e aumentando o risco de transmissão.
Por essa razão, a descoberta da nova classe de medicamentos com potencial clínico traz esperança para médicos, autoridades de saúde e pacientes em todo o mundo.
O grupo faz parte dos chamados MPCs (peptídeos macrocíclicos), moléculas de tamanho maior do que a maioria dos antibióticos conhecidos e que apresentam uma atividade antimicrobiana promissora, inclusive combatendo cepas multirresistentes a drogas.
Características da nova classe de medicamentos
Em um banco de dados com cerca de 45 mil moléculas, os cientistas encontraram a nova substância, chamada zosurabalpina (zosurabalpin, em inglês), e descrita pela primeira vez em um artigo na edição desta quarta-feira (3) da revista Nature por Claudia Zampaloni, Patrizio Mattei, Konrad Bleicher e demais colegas da empresa farmacêutica Grupo Roche (Suíça) e da Universidade de Harvard (EUA), dentre outros.
O grupo de antibióticos possui ação contra bactérias gram-negativas e gram-positivas, mas a zosurabalpina foi eficaz principalmente contra a CRAB (Acinetobacter baumannii carbapenêmico-resistente, na sigla em inglês). A droga foi testada em placas de laboratório infectadas com a bactéria e em camundongos, onde conseguiu inibir o crescimento bacteriano.
A A. baumannii é uma bactéria gram-negativa listada entre os microrganismos de prioridade máxima para a OMS (Organização Mundial da Saúde) devido à resistência antimicrobiana. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, aproximadamente 1,3 milhão de mortes por ano em todo mundo são causadas por bactérias resistentes.
Importância da descoberta na saúde
A descoberta é, assim, um marco para o desenvolvimento e pesquisa de novos fármacos capazes de combater microrganismos. ‘Faz mais de 50 anos desde o lançamento da última classe de antibióticos capaz de tratar infecções causadas por bactérias gram-negativas, e há hoje resistência aos medicamentos de praticamente todas as classes existentes. Qualquer nova classe de antibióticos que tenha a capacidade de tratar infecções causadas por bactérias resistentes, como a CRAB, é um avanço significativo’, disse à Folha Kenneth Bradley, autor correspondente do estudo e chefe global de descoberta de doenças infecciosas da Roche.
No estudo, os autores afirmam que novos antibióticos descritos nos últimos anos são, em sua maioria, derivados de substâncias já existentes, e que encontrar novas classes de drogas é extremamente raro.
Novo método de ação da substância
Em um estudo complementar também publicado nesta quarta (3) na Nature, Daniel Kahne e colegas da Universidade de Harvard descrevem o mecanismo de ação da substância.
Funciona assim: a bactéria A. baumannii resistente possui várias moléculas de lipopolissacarídeos (LPS) na membrana externa que impedem a penetração do antibiótico na célula. Pense como se fosse uma película protetora. Os especialistas encontraram duas maneiras de impedir essa proteção: bloquear a síntese dos LPS ou interromper o seu transporte até a membrana externa, evitando assim a formação da película, tornando a bactéria suscetível novamente a alguns antibióticos. A nova droga age da segunda forma.
Ao ligar a um complexo de proteínas (LptB2FGC) entre as duas camadas da membrana celular (interna e externa), a zosurabalpina bloqueia a via de transporte do LPS. Essas moléculas acabam se acumulando na membrana interna da bactéria, impedindo outras trocas da bactéria com o meio externo. Sem o transporte, ocorre a morte celular.
Um fato curioso do modo de ação da zorusabalpina é que ela não chega a interagir com o citoplasma, o que dificulta a aquisição de resistência microbiana no longo prazo.
‘A membrana externa é importante para as bactérias porque as ajuda a sobreviver em condições adversas e a resistir aos mecanismos de defesa imunológica. O LPS é produzido dentro da célula bacteriana, mas precisa ser transportado para a membrana externa, um processo cuidadosamente controlado por estes microrganismos. Sem a membrana com LPS, as bactérias têm dificuldade em estabelecer infecções. Mesmo para bactérias raras que podem sobreviver sem membranas externas, o sistema de transporte é tóxico para elas, levando-as à morte’, afirmou Bradley.
Como ele é altamente específico por se ligar a um complexo de proteína da A. baumannii, o risco de surgirem cepas resistentes pelo processo de mutação ou transferência horizontal -a aquisição de genes mutados de outras bactérias para a que se tenta combater- é baixo.
Os autores do estudo concluem que a nova molécula supera os mecanismos de resistência a medicamentos existentes, cujos antibióticos atualmente disponíveis são incapazes de superar.
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Fonte: © R7 Rádio e Televisão Record S.A
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