Baptista Jr. foi ouvido no inquérito que apura tentativa de golpe. Sigilos dos depoimentos derrubados por Alexandre de Moraes, ministro do STF.
Segundo relato feito à Polícia Federal, Carlos de Almeida Baptista Jr., ex-comandante da Aeronáutica, afirmou que Freire Gomes, ex-comandante do Exército, fez uma ameaça de prisão contra Jair Bolsonaro, caso o ex-presidente tentasse concretizar o plano golpista (saiba mais sobre isso ao final dessa matéria).
Baptista Jr. ocupou o cargo de comandante da Aeronáutica. Sua nomeação ocorreu em 12 de abril de 2021, durante um período de crise no governo Bolsonaro, quando, pela primeira vez desde a redemocratização, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica deixaram seus postos ao mesmo tempo, fora do período de transição de governos.
Aeronáutica
As saídas aconteceram após a cúpula do governo tomar conhecimento de que os três comandantes colocariam seus cargos à disposição em reação à demissão do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. Baptista Jr. ficou no cargo até 2 de janeiro de 2023. Antes de comandar a Aeronáutica, foi comandante-geral de apoio da Aeronáutica e chefe de Operações Conjuntas do Estado-Maior das Forças Armadas do Ministério da Defesa. Quando deixou o cargo de comandante da Aeronáutica, Baptista Jr. foi sucedido por Marcelo Kanitz Damasceno.
O ex-comandante tem 63 anos, nasceu em Fortaleza (CE) e é filho do tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, que também foi comandante da Aeronáutica (de 1999 a 2003). A carreira de Baptista Jr. começou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), que fica em Barbacena (MG) — seu pai fez parte da primeira turma no ano de 1949. De acordo com a FAB, o militar ele possui 4 mil horas de voo, sendo 2.200 horas em aeronaves de caça.
Investigação
Baptista Jr. foi um dos ouvidos no inquérito que apura tentativa de golpe. Os sigilos dos depoimentos foram derrubados por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (ST) nesta sexta-feira (15). Segundo o documento, Baptista Jr. disse que ‘em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO [Garantia da Lei e da Ordem], ou estado de defesa, ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República.’
Baptista Jr. também relatou à PF que o então comandante do Exército listou os atos contra a democracia que o levariam a ter que prender Bolsonaro. O ex-comandante da Aeronáutica, que integrou a Comissão das Forças Armadas que acompanhou as eleições presidenciais de 2022, também falou sobre uma outra reunião em que ele próprio disse ter sido claro com Bolsonaro de que não toparia participar de nenhum plano golpista e que não haveria qualquer hipótese de ele permanecer no cargo de presidente. Baptista Jr. também afirmou que o grupo recebeu da cúpula do governo Bolsonaro várias teses de fraudes no sistema eletrônico de votação, mas que todas foram rechaçadas pela comissão.
Fonte: G1 – Política
Comentários sobre este artigo