A PF investiga se a Abin usou espionagem ilegal em uma tentativa de golpe, com base em minuta da operação e depoimento de um dos envolvidos.
Em 1º de abril de 1964, o Golpe de Estado de 1964 teve início, desencadeando uma crise política no Brasil. O então presidente João Goulart foi deposto, e o golpe militar se firmou como uma força política dominante.
Um dos principais objetivos da tentativa de golpe foi consolidar o poder militar, buscando estabilizar o país. No entanto, o golpe de Estado de 1964 não foi apenas uma tentativa de mudança política, mas sim uma golpe efetivo que alterou profundamente a paisagem política brasileira. Com o Golpe de Estado, o Brasil entrou em uma longa e dolorosa década de repressão, conhecida como a Ditadura Militar.
Investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado
O ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) será interrogado na terça-feira (5) sobre a possível participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores em uma suposta tentativa de golpe de Estado no país, o que resultou nos atos do 8 de janeiro do ano passado. As investigações sugerem uma conexão entre o uso da Abin para espionagem ilegal e a tentativa de golpe. Em fevereiro, a Polícia Federal realizou buscas e prisões preventivas em nove estados e no Distrito Federal durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol de Bolsonaro, com a participação de ex-assessores, militares e do presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto.
Pressão para promover desinformações
Conforme as investigações, Bolsonaro teria pressionado os ministros do governo durante uma reunião em 5 de julho de 2022 para promover e replicar ‘desinformações e notícias fraudulentas’ sobre a confiança do sistema eleitoral brasileiro. Uma minuta de golpe de Estado também foi encontrada no escritório de Bolsonaro na sede do PL. O rascunho previa uma declaração de estado de sítio e um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no país.
Mudanças na minuta de golpe
Segundo a PF, o ex-presidente solicitou alterações à minuta de golpe de Estado antes de apresentá-la aos comandantes das forças militares. Na segunda versão, as ordens de prisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teriam sido retiradas a pedido de Bolsonaro. A ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) durante as eleições de 2022, continuou na minuta. As mudanças teriam sido solicitadas ao ex-assessor Filipe Martins, que retornou ao Palácio do Alvorada e alterou o documento conforme solicitado.
Núcleo Jurídico e entrega do rascunho
O processo afirma que outro núcleo ligado a Bolsonaro é o ‘Núcleo Jurídico’, composto por pelo menos cinco integrantes: o ex-assessor Filipe Martins, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, o advogado Amauri Saad, o padre Jose Eduardo de Oliveira e Silva e o militar do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Esse núcleo seria o responsável por entregar o ‘rascunho do golpe’ e fazer alterações a pedido de Bolsonaro. O documento teria sido originalmente entregue pelo ex-presidente justamente por Filipe Martins e Amauri Saad.
Fonte: © A10 Mais
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