Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro começou a ser ouvido pela PF às 15h em Brasília. Cid é ouvido como colaborador, não é investigado.
O tenente-coronel Mauro Cid, que ocupou o cargo de ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, está colaborando com as investigações ao prestar depoimento à Polícia Federal desde às 15h desta segunda-feira (11).
Até a última atualização desta reportagem, o depoimento — na sede da PF, em Brasília — já durava mais de seis horas e ainda não havia previsão de término. Os investigadores aguardam a colaboração do tenente-coronel para esclarecer os fatos do inquérito em andamento, relacionados à operação Tempus Veritatis.
Mauro Cid
Mauro Cid não é investigado neste caso. Ele é ouvido como colaborador. O tenente-coronel fechou um acordo de delação premiada com a PF em setembro do ano passado e tem a obrigação de dar novas informações para a polícia para não perder os benefícios desse acordo (leia mais abaixo).
Os investigadores esperam que o depoimento de Cid esclareça ou reforce pontos das declarações do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, que ouvido no dia 1º de março.
Abaixo, confira detalhes sobre o histórico de depoimentos de Mauro Cid.
Histórico de depoimentos
Este é o sétimo depoimento de Mauro Cid à PF. Os mais longos foram em 28 de agosto de 2023, com 10 horas, e em 31 de agosto de 2023, com 12 horas. Veja lista completa abaixo.
- 3 de maio de 2023: não falou
- 18 de maio de 2023:não falou
- 6 de junho de 2023: não falou
- 25 de agosto de 2023: 2 horas
- 28 de agosto de 2023: 10 horas
- 31 de agosto de 2023: 12 horas
- 11 de março de 2024: acontecendo
Promoção no Exército
Cid poderia ser promovido de tenente-coronel do Exército para coronel em abril em razão do tempo de serviço. Mas, conforme antecipado pelo blog do Gerson Camarotti na última semana, já há decisão na cúpula militar de que ele seja mantido na atual patente.
Se confirmada, a decisão será considerada atípica ja que bastaria cumprir requisitos de antiguidade e bravura, requisitos que Mauro Cid preenchia até virar pivô de diversas investigações na Polícia Federal.
Entre os fatores apontados para que Cid não seja promovido estão o fato dele não ter o comando o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia.
Cid chegou a ser indicado ao cargo no fim do governo Bolsonaro, mas a decisão foi revertida pelo atual Comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. A função estratégica era considerada fundamental para que ele pudesse ser promovido.
Além disso, o tenente-coronel está afastado do trabalho em um ano considerado essencial para o militar se destacar na carreira.
Ainda sem denúncia
Até agora, Mauro Cid não tem foi formalmente denunciado na Justiça em nenhum dos casos em que é investigado. Isso o colocaria na situação de ‘sub judice’, que é considerado um veto formal para promoções do Exército.
‘Os militares da ativa concorrem às promoções pelos critérios por antiguidade ou merecimento, que são analisados por uma Comissão de Promoção de Oficias (CPO). A promoção por antiguidade está relacionada com a precedência hierárquica e a promoção por merecimento se baseia no conjunto de qualidades e atributos do militar’, explicou o Exército em nota.
Ainda segundo a força, a CPO é presidida por um general e verifica se os oficiais em condições de promoção atendem os requisitos previstos na lei.
‘Cabe esclarecer que não foi aberto procedimento administrativo sobre os casos que envolvem o referido oficial, pois este se encontra à disposição da Justiça, em processo que corre em sigilo‘, diz o órgão na nota.
Delação
Em setembro de 2023, Cid fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal – os termos ainda são mantidos em sigilo. À época do acordo, Cid era suspeito de:
- participar da tentativa de trazer de maneira irregular para o Brasil joias recebidas pelo governo Bolsonaro como presente da Arábia Saudita;
- tentar vender ilegalmente presentes dados ao governo Bolsonaro por delegações estrangeiras em viagens oficiais;
- participar de uma suposta fraude de carteiras de vacinação de Bolsonaro e da filha de 12 anos do ex-presidente;
- envolvimento nas tratativas sobre possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto, para desacreditar o sistema judiciário brasileiro.
- envolvimento em tratativas sobre um possível golpe de estado.
Desde então, a delação de Cid já foi utilizada pela PF para embasar a operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de estado envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, militares e ex-ministros e funcionários do governo anterior.
Fonte: G1 – Política
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