Escassez de mão de obra qualificada atrasa entregas e obriga recusa de novos contratos em Minha Casa, Minha Vida.
Com a economia em alta e o desemprego em níveis históricos baixos, as empresas do Brasil enfrentam um desafio significativo ao procurar profissionais qualificados para atender ao crescimento do mercado. O número de vagas abertas tem aumentado, o que eleva a demanda pela mão de obra qualificada, um fator que se tornou crucial para o sucesso das empresas.
As empresas mais afetadas pela escassez de mão de obra qualificada são as que trabalham com tecnologia e inovação, pois essas áreas exigem habilidades específicas e profissionais especializados. A dificuldade para contratar está diretamente ligada à falta de profissionais qualificados e especializados. De acordo com uma pesquisa de mercado, 77,2% das empresas consideram a contratação como o principal desafio para gerenciar a mão de obra.
Investindo em Capacitação
Em meio à escassez de mão de obra, as empresas brasileiras estão encontrando
alternativas para superar esse obstáculo. O levantamento recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) traz luz sobre esse cenário, destacando a importância da mão de obra qualificada em diversos setores. As empresas estão investindo em capacitação interna como principal solução para enfrentar a escassez de mão de obra, o que é considerado um entrave significativo para o crescimento. A construção civil, por exemplo, é um dos setores mais afetados, com mais de 80% das empresas enfrentando dificuldades para encontrar pessoal para trabalhar. No entanto, a capacitação interna não é suficiente para atender à demanda crescente por mão de obra qualificada, pois muitas empresas ainda enfrentam dificuldades para absorver ou reter talentos.
O economista Rodolpho Tobler, coordenador das sondagens empresariais do FGV IBRE, observou um aumento no número de empresas de construção e serviços que relataram a escassez de mão de obra como entrave ao crescimento nos últimos meses. De acordo com a pesquisa, 58,7% das empresas no país enfrentam dificuldades para absorver ou reter talentos, percentual que sobe para 60,4% no setor da construção civil. Isso levou a um aumento na pressão por salários maiores, com 9,4% das empresas relatando dificuldades para pagar salários mais altos, especialmente no setor de serviços.
As empresas enfrentam dificuldades para encontrar a mão de obra certa, o que pode levar ao repasse de custos para o produto final, gerando inflação em um segundo momento. Esse fenômeno está espalhado entre os setores, alerta Tobler. Entre as que enfrentam esse desafio de mão de obra, contratar novos colaboradores é o principal entrave (77,2%). O indicador é ainda maior na construção, onde oito em cada dez empresas não encontram gente para trabalhar.
Segundo o economista, a construção civil é um setor mais afetado do que os demais. Ele explica que, após um ciclo negativo, a atividade começou a se recuperar no ano passado. Medidas de estímulo do governo, como a expansão do programa Minha Casa Minha Vida, impulsionam o setor, mas a oferta de mão de obra não tem crescido na mesma proporção que a demanda. Pressão por salários maiores é um dos principais desafios, especialmente na área de tecnologia da informação, onde a competição por talentos e a possibilidade de trabalho remoto pressionam os salários.
A pesquisa do FGV IBRE também perguntou como os empresários estão fazendo pra resolver esse problema de escassez de mão de obra. A saída tem sido investir em capacitação interna (44%) ou oferecer mais benefícios (32%). Na indústria, mais da metade dos empresários (55,3%) estão investindo em capacitação, enquanto no setor de serviços, 42,2% estão recorrendo a essa estratégia.
Fonte: @ PEGN
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