Esper Kallás afirma que, mesmo com uma vacina aprovada pela Anvisa, ação da população é necessária para combater a dengue e o mosquito Aedes aegypti.
A vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan ainda está em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, o diretor da instituição, o infectologista Esper Kallás, já alerta que a sua aprovação em 2022 não vai resolver o problema da doença de imediato. A dengue é uma das principais causas de febre em todo o mundo e, no Brasil, é considerada uma das doenças mais graves, segundo o Ministério da Saúde.
Segundo Kallás, as doses da vacina contra a dengue não serão suficientes para toda a população em 2022, mesmo que a Anvisa aponha a sua vacina. “As doses são limitadas e a dengue é uma doença que afeta uma grande população”, destacou. A dengue é causada pelo mosquito Aedes aegypti e é uma das principais causas de internação hospitalar entre as doenças transmitidas por insetos. O Brasil é um dos países com mais casos de dengue do mundo, e a vacina ainda está em sua fase de testes.
Desafios na Luta Contra a Dengue
O mês passado foi marcante para o instituto que buscou registrar sua candidata a vacina contra a dengue na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Este passo é crucial para o processo de desenvolvimento e aprovação de imunizantes no Brasil. Com a entrada do pedido, o instituto pode realizar a entrega de 1 milhão de doses da Butantan-DV em 2025, e outros 100 milhões estarão disponíveis para o Ministério da Saúde nos anos de 2026 e 2027. Essa ação visa abordar a demanda populacional por uma vacina mais eficaz contra a dengue, doença que tem causado preocupação em todo o país.
A Anvisa analisa os dados entregues pelo instituto, que totalizam três pacotes de informações sobre o imunizante. Essa avaliação durará cerca de 90 dias, a partir da entrega do último lote, em dezembro passado. Logo, espera-se que algum parecer seja dado em março. No entanto, os números atuais e a demanda por vacinas como a QDenga, que está disponível, deixam claro que o número de casos não será capaz de ser contido com as doses disponíveis em 2025, o que significa que medidas tradicionais de enfrentamento da doença serão necessárias para mitigar os efeitos.
Essas medidas incluem a eliminação de possíveis criadouros do mosquito vetor da dengue, como garrafas e pneus, cobrir a caixa d’água ou piscinas inativas e remover o entulho. Isso é fundamental, pois 75% dos pontos favoráveis para a proliferação do mosquito vetor estão em residências. Além disso, a vacina QDenga somente está disponível para a população de 10 a 14 anos, o que limita sua eficácia em conter o surto de dengue, especialmente em 2025.
O instituto tem uma projeção de 60 milhões de doses para 2026 e 40 milhões para 2027, o que visa atender à demanda que se espera crescer no início e diminuir à medida que a população se imuniza. Além disso, a vacina Butantan-DV tem resultados promissores nos testes e pode ser aplicada independentemente da história de infecção do paciente, o que a torna mais eficaz em combater o vírus.
A dengue tem sido um problema de saúde pública no Brasil, com o país registando o maior número de casos da série histórica iniciada no ano 2000 em 2023. Em 2024, o surto continuou, com 101.485 casos e 15 óbitos registrados. A situação é preocupante, especialmente com o retorno da circulação do sorotipo 3 da doença, que pode desencadear infecções em pessoas que nunca foram infectadas por ele.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo