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Presidente do BC Brasil comenta corte de juros do BCE, primeira vez desde 2019, afetando o mundo monetário e a atividade econômica.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em um evento em São Paulo que o ciclo de redução dos juros nas principais economias do mundo está começando em um momento de incertezas. ‘O Banco Central Europeu deu início ao corte de juros hoje, adotando um discurso cauteloso’, declarou.
Campos Neto também ressaltou a importância de acompanhar de perto as taxas de juros nos próximos meses. ‘As taxas de juros são um indicador crucial para a economia global’, destacou o presidente do Banco Central.
Juros e suas implicações no mundo monetário
Temos observado recentemente um cenário de surpresas positivas no que diz respeito ao emprego global, o que tem gerado pressões de inflação nos serviços. Por outro lado, há uma expectativa de que a desinflação no setor organizado de manufactos se transforme em uma desinflação mais estruturada daqui para frente. As surpresas na atividade econômica global não têm sido tão favoráveis, mas ainda é possível notar uma discrepância entre a manufatura e os serviços, conforme mencionado.
A precificação nos EUA está começando a indicar a possibilidade de dois cortes de juros ainda este ano, porém há uma inquietação em relação à origem da desinflação no futuro. O banqueiro central destaca que o apontamento de cortes nos EUA tem sido um dos principais motivos para a aversão ao risco em mercados emergentes recentemente, apesar das condições financeiras americanas estarem relativamente afrouxadas, mesmo com taxas de juros mais elevadas.
Os juros atuam como um mecanismo de controle, mas outros mercados, como o de crédito e de ações, funcionam como contrapeso a isso. Em relação ao crescimento da dívida pública, é importante notar que a maior parte está concentrada em Japão, EUA e Europa, e os custos de rolagem têm aumentado significativamente. O banqueiro ressalta que o mundo emergente será impactado de forma mais rápida do que o mundo desenvolvido diante da persistência de taxas de juros americanas elevadas.
Há uma preocupação em relação aos efeitos da elevação prolongada dos juros americanos nos mercados emergentes. Além disso, a questão fiscal tem ganhado mais destaque internacionalmente, o que tem repercussões tanto para o mundo emergente quanto para o Brasil, uma vez que a situação fiscal brasileira também está sob os holofotes.
Este conteúdo foi originalmente divulgado no Valor PRO, um serviço de informações em tempo real do Valor.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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