Itamaraty critica ação militar israelense em Gaza após mais de 100 mortes. Embaixada de Israel ainda não se pronunciou.
Segundo relatos de diplomatas, o Brasil não pode ignorar o episódio sangrento que ocorreu em Gaza, onde mais de cem pessoas foram mortas e outras 750 ficaram feridas durante entrega de ajuda humanitária. É imperativo que o país tome uma posição firme em relação a esta questão.
Por isso, o Itamaraty decidiu emitir uma nota crítica ao governo de Benjamin Netanyahu, demonstrando a insatisfação brasileira com a situação em Gaza. É crucial que medidas sejam tomadas para evitar que tragédias como essa voltem a acontecer na palestina e na Faixa de Gaza.
Crise em Gaza: impasse entre Israel e Palestina
O chefe da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, criticou Israel pelo ‘massacre’. O grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, ameaçou deixa as negociações de cessar-fogo.
O governo de Israel, por sua vez, afirmou que tanques dispararam tiros de advertência para dispersar a multidão que tentou saquear os caminhões que levavam a ajuda.
Ao se manifestar sobre o caso, o Itamaraty disse que o governo brasileiro soube das mortes com ‘profunda consternação’, acrescentando que a situação na região é ‘desesperadora’ e ‘intolerável’.
‘O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades‘, afirmou o Itamaraty.
A GloboNews procurou a embaixada de Israel em Brasília e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Reação a um episódio ‘horrível’, dizem diplomatas
Conforme um diplomata a par da formulação do texto divulgado pelo Itamaraty, o presidente Lula revisou e deu aval aos termos utilizados. Para o Itamaraty, é preciso reconhecer a ‘dura realidade’ na região.
‘Não dá para ser complacente diante dessa tragédia. O ocidente, tão preocupado com vidas humanas na Ucrânia, dando ‘carta branca’ para Israel em Gaza. Isso não é direito de defesa’, afirmou esse diplomata, acrescentando que não pode haver um peso e duas medidas.
Um outro diplomata, também na condição de anonimato, afirmou à GloboNews que a nota não teve o objetivo de ‘jogar lenha na fogueira‘, mas, sim, reagir ao episódio ‘horrível’.
‘Acho que é importante subir o tom diante do absurdo’, afirmou. ‘Acho importante também que o texto singulariza o governo Netanyahu, se referindo diretamente e deixando claro que não é algo contra o país, mas contra as ações específicas de um governo’, acrescentou.
Crise diplomática
Desde que, no mês passado, o presidente Lula comparou o que acontece em Gaza às mortes de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler, as relações diplomáticas entre Brasil e Israel entraram em crise.
O governo de Israel, por exemplo, declarou Lula ‘persona non grata’ no país, isto é, uma pessoa indesejável.
Além disso, o chanceler israelense, Israel Katz, chegou a levar o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao museu do holocausto e passou a fazer críticas públicas a Lula em uma rede social.
Nesse cenário, Lula passou a reforçar em discursos e entrevistas que considera um ‘genocídio‘o que acontece em Gaza e chamou de volta ao Brasil o embaixador em Tel Aviv.
‘Eu quero dizer para vocês que eu não troco a minha dignidade pela falsidade. E quero dizer para vocês que eu sou favorável à criação do Estado palestino livre e soberano. Que possa, este Estado palestino, viver em harmonia com Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio. Porque está matando mulheres e crianças’, disse Lula no último dia 23 de fevereiro.
Fonte: G1 – Política
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