PF investiga se Bolsonaro, ex-ministros e militares articularam para impedir posse de Lula. Depoimentos dos ex-comandantes e minuta do golpe são acessados. Ministro Alexandre de Moraes, papel do Ministério da Justiça e fraude em urnas também são alvo.
O presidente Bolsonaro (PL) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acesso aos depoimentos dos ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior.
A PF está investigando se Bolsonaro, ex-ministros de sua equipe e militares simpatizantes se articularam para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A defesa do Presidente Bolsonaro enviou o pedido nesta terça-feira (5), solicitando uma ‘atualização dos autos’ com ‘termos de declarações relativos às últimas oitivas realizadas’, incluindo os depoimentos dos dois ex-comandantes.
Freire Gomes presta depoimento de 7 horas na Polícia Federal
Durante a última sexta-feira (1º), Freire Gomes prestou depoimento na Polícia Federal (PF) na condição de testemunha. Nesse sentido, é importante ressaltar que na condição de testemunha, é obrigatório que ele fale a verdade.
Segundo informações do blog da Andréia Sadi, Freire Gomes, como testemunha, contribuiu significativamente com as investigações. Há grande preocupação por parte dos golpistas com os detalhes fornecidos por Freire Gomes sobre discussões acerca da minuta do golpe, o papel do Ministério da Justiça e desmentidos categóricos de que tenha havido fraude em urnas.
Uma importante documentação obtida pelo blog aponta que ”Em relação ao general Freire Gomes e ao brigadeiro Baptista Junior, os elementos colhidos, até o presente momento, indicam que teriam resistido às investidas do grupo golpista. No entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação para apurar uma possível conduta comissiva por omissão pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes’.
Todo esse depoimento faz parte da operação Tempus Veritatis, realizada pela PF em 8 de fevereiro. Na semana anterior, prestaram depoimento o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro e candidato a vice-presidente em 2022, Walter Souza Braga Netto; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier; e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
Investigação e alvos
A operação Tempus Veritatis, que teve início em 8 de fevereiro, teve como alvos, além do ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e ex-assessores dele, que estão sendo investigados por tentar dar um golpe de Estado no país e anular as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Originada de inquéritos que estão em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) — o mais relevante deles é o das milícias digitais —, a operação trabalha com a suposição de que os alvos se dividiam em seis grupos que atuavam de modo simultâneo e coordenado com a intenção de perpetrar um golpe de Estado e impedir a posse do presidente Lula.
Parte da investigação abrange uma reunião ministerial ocorrida em 15 de julho de 2022, na qual Bolsonaro orientou os ministros a não aguardarem o resultado da eleição para agir. Porém, os advogados do presidente afirmam que o ex-presidente nunca cogitou um golpe.
Fonte: G1 – Política
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