Ex-presidentes alinharam discurso para Temer levar ao Planalto; antecipou tom abaixo do habitual de Bolsonaro em crise do 7 de setembro.
O presidente Jair Bolsonaro escalou o ex-presidente Michel Temer para antecipar ao Supremo Tribunal Federal que ele se comprometia a não fazer ataques à corte ou a seus ministros durante o discurso que faria — e fez– na avenida Paulista neste domingo (25).
Segundo relatos de integrantes do Supremo, Temer os procurou pessoalmente dizendo que Bolsonaro estaria ciente dos riscos de resvalar para uma fala anti-institucional e que podia garantir que o quadro do PL baixaria no tom e falaria, inclusive, em ‘pacificação’. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi mencionado como responsável pela decisão de antecipar a garantia de um discurso mais ameno.
Novo Ato de Bolsonaro Gera Crise Política
Temer foi convocado e embarcou em um avião exclusivamente para conversar com o ex-presidente. É a segunda vez que o emedebista é acionado por Bolsonaro em momento de crise.
Em 2021, depois do ato do 7 de setembro em que Bolsonaro bradou que não mais cumpriria ordem judicial — o que é crime –, Temer foi chamado pelo então presidente ao Planalto e redigiu uma carta na qual Bolsonaro se reparava pela fala e, inclusive, fazia elogios ao ministro Alexandre de Moraes.
Como se sabe, a trégua retórica do ex-presidente, na ocasião, não durou muito.
Bolsonaro na Avenida Paulista: Efeito Prático Questionável
Na avenida Paulista neste domingo, Bolsonaro manteve o que tinha sido sinalizado por Temer ao Supremo. Mas qual o resultado prático disso? Nenhum. As provas, informam membros da corte, os vídeos de reunião de cunho golpista, os áudios, as mensagens e as minutas que precedem o 8 de janeiro de 2022 não desaparecem nem pelo tom mais moderado do ex-presidente nem pelo fato de ele ter juntado milhares de pessoas na Paulista.
Para especialistas em marketing político ouvidos pelo blog, Bolsonaro se reafirmou como um cabo eleitoral importante, o que não é novidade para os que o acompanham e, principalmente almejam seu apoio, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Ao mesmo tempo, a foto do palanque vip do evento também evidencia que está aberta a temporada de caça ao espólio eleitoral do ex-presidente. Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) são os governadores cotados para correr pela direita em substituição ao ex-presidente inelegível em 2026.
Fonte: G1 – Política
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