Magistrados veem desespero de ex-presidente com avanço das investigações. Erro discutir minuta de golpe. Cerco se fecha para líder político de direita e seus aliados.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo blog consideraram o ato do presidente Bolsonaro que aconteceu neste domingo (25) na Avenida Paulista, em São Paulo, como um ‘grito de desespero’ diante do avanço das investigações do roteiro do golpe e do temor do ex-presidente da prisão.
Na avaliação de um integrante da corte, Bolsonaro antecipou sua estratégia de defesa —que chamam de ‘absurdo jurídico’— para tentar criar um ambiente junto a seus apoiadores de que não havia nada de errado em discutir uma minuta de golpe de Estado.
Bolsonaro admite existência de minuta do golpe
Durante seu discurso, Bolsonaro admitiu a existência da minuta do golpe, o que gerou grande repercussão. Um ministro do STF destacou que, apesar disso, a submissão da minuta ao Congresso levantava questões, já que com um golpe de Estado, a existência do Congresso seria incerta. Havia até mesmo uma versão da minuta que mencionava a possibilidade de prender o presidente do Senado, Pacheco.
Mudança de estratégia de defesa de Bolsonaro
Magistrados interpretaram a mudança no posicionamento de Bolsonaro e seus aliados como um sinal de desespero, indicando que o cerco está se fechando. Anteriormente, discutia-se a atuação do ex-presidente como autor intelectual das propostas de golpe, mas o avanço das investigações da PF mostra que Bolsonaro estava ativamente ‘materializando’ a proposta, agindo de forma proativa.
Terceirização de ataques e alianças políticas
Apesar de evitar ataques diretos ao STF, a terceirização de ataques por aliados de Bolsonaro, como Silas Malafaia, foi interpretada como uma ação coordenada. Os investigadores também alertam que mesmo líderes religiosos terão limites se utilizarem a igreja para ataques à democracia.
Posicionamento de Bolsonaro como líder político da direita
Politicamente, Bolsonaro reforçou seu papel como líder da direita, exortando seus aliados a permanecerem ao seu lado para evitar consequências negativas para eles e eventuais sucessores, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito paulistano, Ricardo Nunes. Mesmo assim, há dúvidas entre seus aliados sobre a possibilidade de sobreviver às investigações sem uma condenação, com avaliações no STF e na PF apontando que uma prisão só ocorrerá após o trânsito em julgado.
Fonte: G1 – Política
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