Mestre e doutor em Oftalmologia, presidente do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein, estuda genética e proteômica para desenvolver terapias de precisão em medicina personalizada.
No campo da medicina, avanços significativos têm sido alcançados em diversas áreas, incluindo a terapia genética. Em setembro, a conceituada revista The Lancet publicou um estudo inovador que demonstrou como a terapia genética pode melhorar significativamente a visão de pacientes acometidos por uma rara condição hereditária que provoca perda severa da capacidade de enxergar ainda na infância.
Essa descoberta é um marco importante na medicina, pois abre caminho para novas possibilidades de tratamento e cura de doenças genéticas. A terapia genética tem o potencial de revolucionar a forma como abordamos a saúde, permitindo que os médicos tratem doenças em seu nível mais fundamental. Além disso, a pesquisa contínua nessa área pode levar a avanços significativos na prevenção e no tratamento de doenças, melhorando a qualidade de vida de milhões de pessoas. Com esses avanços, a medicina está cada vez mais próxima de alcançar seus objetivos de promover a saúde e o bem-estar da população.
Avanços na Medicina: Tratamento Inovador para Amaurose Congênita de Leber
Um estudo recente demonstrou o potencial da medicina personalizada no tratamento de doenças consideradas incuráveis. Quinze pacientes portadores de amaurose congênita de Leber (LCA) receberam doses de um composto modificado geneticamente, o ATSN-101, derivado do vírus AAV5, diretamente na retina. Os resultados mostraram um rápido e acentuado incremento da visão, observado principalmente no primeiro mês após as aplicações. Alguns pacientes tiveram a acuidade visual melhorada em até 10 mil vezes ao receberem a dose mais alta do tratamento.
Esse estudo é um exemplo de como a medicina personalizada, incluindo a terapia genética, desempenha um papel cada vez mais crucial no tratamento e cura de doenças que pareciam sem solução. Além disso, destaca a importância de ramos específicos da biologia dos organismos, como a carga genética e a proteômica, para uma abordagem diagnóstica e terapêutica inovadora.
A Carga Genética e a Proteômica: Ferramentas para a Medicina Personalizada
A carga genética refere-se ao conjunto de genes de um organismo, ou seja, o seu genoma. A análise genética foca nas sequências de DNA, que armazenam os códigos necessários para a construção e funcionamento de qualquer organismo. A carga genética determina o potencial biológico, incluindo características hereditárias e predisposições para doenças.
Já a proteômica é o estudo do proteoma, que inclui todas as proteínas expressas por um organismo, tecido ou célula, em determinado momento. Enquanto o DNA contém as instruções para fazer proteínas, a proteômica examina as proteínas em si, que são as moléculas funcionais responsáveis pelas atividades celulares. A proteômica estuda mudanças dinâmicas nas proteínas, ou seja, como são afetadas por interações entre si e em resposta a estímulos externos.
A distinção entre a genética e a proteômica é crucial. Enquanto a genética revela o que é possível acontecer, a proteômica mostra o que realmente está acontecendo em um dado momento com as células. A proteômica permite uma visão prática do funcionamento dos processos biológicos, o que é fundamental para entender como as células estão respondendo a um estímulo ou identificar alterações que estão ocorrendo no organismo.
A Medicina Personalizada: Um Encontro entre a Genética e a Proteômica
A medicina personalizada avança para entender as doenças e combatê-las de forma inovadora e eficaz, graças ao encontro e à complementariedade da genética e da proteômica. A genética ajuda a prever o risco de doenças, enquanto a proteômica avalia a situação atual e a resposta ao tratamento. Juntas, essas duas ferramentas permitem que os médicos desenvolvam tratamentos personalizados e eficazes para cada paciente.
A medicina personalizada é um campo em constante evolução, e estudos como o mencionado anteriormente demonstram o potencial dessa abordagem para melhorar a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Com a ajuda da genética e da proteômica, os médicos podem desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados, o que é fundamental para combater doenças complexas e melhorar a saúde pública.
Fonte: @ Veja Abril
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