Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pode ser promovido em abril, mas deve manter a atual patente. Cid teve comando anulado no último governo.
A falta de um comando e o afastamento do trabalho serão fatores relevantes para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, não ser promovido no Exército. A promoção é um processo que leva em consideração diversos aspectos, incluindo o desempenho e a conduta do militar.
Cid presta depoimento nesta segunda-feira (11) à Polícia Federal. A expectativa é que ele forneça informações no inquérito que apura uma tentativa de articulação de um golpe de Estado, em 2022. O depoimento teve início por volta das 15h. A preferencial importância desse depoimento se dá pela gravidade das acusações e a necessidade de esclarecer os fatos.
Ex-braço direito de Bolsonaro, Cid já fechou acordo de delação com a PF (entenda mais abaixo). Nesses casos, é comum que um delator seja chamado para prestar novos esclarecimentos conforme o avanço das investigações. A ascensão das investigações pode revelar ainda mais detalhes sobre os acontecimentos.
.
A promoção do Tenente-coronel Mauro Cid
Tenente-coronel do Exército, Cid poderia ser promovido a coronel em abril em razão do tempo de serviço. Mas, conforme antecipado pelo blog do Gerson Camarotti na última semana, já há decisão na cúpula militar de que ele seja mantido na atual patente.
Se confirmada, a decisão será considerada atípica ja que bastaria cumprir requisitos de antiguidade e bravura, requisitos que Mauro Cid preenchia até virar pivô de diversas investigações na Polícia Federal.
Falta de comando e ascensão profissional
Entre os fatores apontados para que Cid não seja promovido estão o fato de ele não ter o comando o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia.
Cid chegou a ser indicado ao cargo no fim do governo Bolsonaro, mas a decisão foi revertida pelo atual Comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. A função estratégica era considerada fundamental para que ele pudesse ser promovido.
Além disso, o tenente-coronel está afastado do trabalho em um ano considerado essencial para o militar se destacar na carreira.
Ainda sem delação premiada
Até agora, Mauro Cid não tem sido formalmente denunciado na Justiça em nenhum dos casos em que é investigado. Isso o colocaria na situação de ‘sub judice’, que é considerado um veto formal para promoções do Exército.
‘Os militares da ativa concorrem às promoções pelos critérios por antiguidade ou merecimento, que são analisados por uma Comissão de Promoção de Oficias (CPO). A promoção por antiguidade está relacionada com a precedência hierárquica e a promoção por merecimento se baseia no conjunto de qualidades e atributos do militar’, explicou o Exército em nota.
Ainda segundo a força, a CPO é presidida por um general e verifica se os oficiais em condições de promoção atendem os requisitos previstos na lei.
Acordo de delação premiada e preferencial para delator
Em setembro de 2023, Cid fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal – os termos ainda são mantidos em sigilo. À época do acordo, Cid era suspeito de:
- participar da tentativa de trazer de maneira irregular para o Brasil joias recebidas pelo governo Bolsonaro como presente da Arábia Saudita;
- tentar vender ilegalmente presentes dados ao governo Bolsonaro por delegações estrangeiras em viagens oficiais;
- participar de uma suposta fraude de carteiras de vacinação de Bolsonaro e da filha de 12 anos do ex-presidente;
- envolvimento nas tratativas sobre possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto, para desacreditar o sistema judiciário brasileiro.
- envolvimento em tratativas sobre um possível golpe de estado.
Desde então, a delação de Cid já foi utilizada pela PF para embasar a operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, militares e ex-ministros e funcionários do governo anterior.
Fonte: G1 – Política
Comentários sobre este artigo