Em 2022, houve um aumento de 14 assassinatos de pessoas trans. Hoje é o Dia da Visibilidade Trans.
Em 2023, de acordo com o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil registrou 145 assassinatos de pessoas trans. É importante ressaltar que esse número pode ser ainda maior, uma vez que não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no país.
Das vítimas, 136 eram travestis e mulheres trans/transexuais, enquanto 9 eram homens trans e pessoas transmasculinas. A Antra chama atenção para a urgência de se combater a violência e garantir a segurança dessas pessoas.
A Antra entende que o número de assassinatos pode ser maior porque não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no Brasil. Esta segunda-feira (29) é o dia da Visibilidade Trans.
Em 2023, o Brasil teve 145 pessoas trans assassinadas, um aumento de 14 casos em comparação ao ano anterior, conforme relatório divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) no dia da Visibilidade Trans.
Pessoas trans: ainda sob ataque
Do total, foram 163 assassinatos de pessoas trans, incluindo travestis e mulheres trans/transexuais, bem como homens trans e pessoas transmasculinas.
A Antra enfatizou que o número pode ser ainda maior, uma vez que não existem dados oficiais sobre a violência contra a população LGBTQI+ no Brasil.
Sonho interrompido: histórias marcantes
O perfil das vítimas segue um padrão semelhante: a maioria (94%) é composta por mulheres trans/travestis, geralmente pretas ou pardas (72%), com idades entre 18 e 29 anos (34,5%), que normalmente viviam da prostituição (57%) e acabaram sendo mortas com requintes de crueldade (54%).
Uma das histórias mais comoventes é a de Ana Luisa Pantaleão, de 19 anos. Conforme depoimento da avó, ela era uma garota de programa em São Paulo e desapareceu após entrar no carro de um cliente, em setembro de 2023.
Seu corpo só foi encontrado 15 dias depois, às margens de uma rodovia, e apresentava marcas de golpes de arma branca no pescoço. O suspeito do crime, identificado a partir de indicações sobre o local do óbito, foi posteriormente preso.
Ana Luisa havia deixado a cidade de Pão de Açúcar, no interior de Alagoas, um ano e meio antes, e sonhava em morar na Europa.
‘O dia amanheceu com uma tristeza inexplicável. Muitas saudades, uma espera sem fim e sem respostas do porquê de tanta crueldade’, lamentou a avó, Cláudia Santos, após reconhecer a neta.
Pelo 15º ano consecutivo, o país registra o maior número de assassinatos de pessoas trans no mundo.
O Brasil lidera o ranking dos assassinatos de pessoas trans em 2023, superando México e Estados Unidos, conforme dados de relatório anual da ONG Transgender Europe, que monitora 171 países.
No total, foram contabilizadas 321 mortes em todo o mundo entre outubro de 2022 e setembro de 2023, período de coleta de dados anual da organização internacional.
Mortes por estado: panorama nacional
São Paulo voltou a ser o estado com o maior número de registros de assassinatos de pessoas trans (19 casos), registrando um aumento de 73% em relação a 2022, quando ocupava a segunda posição no ranking nacional.
Há, ainda, uma alarmante informação de que o Rio de Janeiro teve o dobro de assassinatos em 2023 comparado ao ano anterior, passando da terceira para a segunda posição, totalizando 16 casos.
A situação não foi diferente no Ceará, terceiro colocado, onde houve aumento no número de assassinatos, com 12 casos registrados, um a mais do que em 2022.
O levantamento também aponta que 65% das mortes (90) ocorreram em cidades do interior dos estados, seguindo uma tendência que já existia em 2022.
Destaca-se que 60% das mortes foram em locais públicos, revelando um aspecto preocupante da situação.
O dossiê ainda menciona que cinco travestis/mulheres transexuais brasileiras foram assassinadas fora do país, sendo duas na Itália, duas na Espanha e uma no Paraguai. Além disso, o estudo relata 10 casos de suicídio, sendo que cinco aconteceram com travestis/mulheres trans, quatro com homens trans/transmasculinos e um com uma pessoa não-binária.
Falta de ações concretas: desafios contínuos
O dossiê, que é realizado desde 2017, salienta que ‘não houve, por parte do governo atual, medidas que priorizassem a luta contra a transfobia e protegessem a vida das pessoas trans’.
Vale citar, por exemplo, que a nova carteira de identidade nacional manterá a distinção entre ‘nome de registro’ e ‘nome social’, bem como o campo ‘sexo’.
Em maio passado, o governo havia divulgado que ocorreria a unificação do campo ‘nome’, sem distinção entre ‘nome social’ ou ‘nome de registro’, e a exclusão do campo ‘sexo’. Entretanto, voltou atrás em dezembro.
A autora do dossiê, Bruna Benevides, também uma mulher trans, ressalta a falta de ‘posicionamentos firmes vindos de partidos, agentes políticos, gestores, artistas, influenciadores e outras figuras de destaque em relação à situação das pessoas trans e travestis brasileiras’.
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Fonte: G1 – Política
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