O presidente eleito adotou uma estratégia de comércio global para impor tarifas de 10% à China, 25% ao México e Canadá e obrigar a renegociação de tratados de livre-comércio em bases vantajosas para os produtos americanos, como fentanil, devido à guerra comercial.
A remodelação do comércio global pelos Estados Unidos, sob a liderança do presidente eleito Donald Trump, promete ser um processo ambicioso e incerto, que pode mudar drasticamente o cenário econômico internacional a partir de janeiro.
A ‘faxina’ em marcha começará pelos principais parceiros comerciais dos EUA, como o México, o Canadá e a China, tendo em mente a ideia de reequilibrar os acordos comerciais vigentes. Porém, não se limitará a esses países, como observa o analista econômico, pois também afetará, em menor medida, a Grã-Bretanha e a União Europeia.
Comércio Global: A Estratégia de Trump em Questionamento
Analistas econômicos avaliam que as ameaças de Trump ao comércio internacional são uma parte crítica da estratégia de remodelar o comércio global para benefício dos EUA. O país enfrenta déficits comerciais significativos nos principais mercados dos produtos americanos. Impor tarifas sobre o México e o Canadá não faz sentido, considerando o acordo comercial USMCA, estabelecido em 2020, que visa substituir o Nafta e promover o comércio livre entre os três países.
A ameaça ao Canadá surpreendeu, pois Trump anteriormente havia anunciado planos de tarifar importações apenas da China e do México. Os EUA importam em torno de US$ 400 bilhões em produtos do Canadá a cada ano, incluindo metade dos carros fabricados no Canadá, que são da propriedade de empresas americanas, e metade das peças que entram em todos os carros fabricados no Canadá, que são fornecidas por fornecedores dos EUA, sobressaindo que mais da metade das matérias-primas são de fontes americanas, conforme Flavio Volpe, presidente da Associação de Fabricantes de Peças Automotivas do Canadá. ‘Somos mais que parceiros, quase tão inseparáveis quanto a família’, destacou.
A estratégia de Trump se volta contra o México e o Canadá por permitir, segundo o presidente eleito, a passagem de imigrantes ilegais e drogas, em particular o fentanil, um opióide que se tornou um problema de saúde pública nos EUA. Para a China, a sobretaxa de 10% prometida é resposta à postura leniente do país quanto à exportação de fentanil. ‘As tarifas permanecerão em vigor até o momento em que as drogas, em particular o fentanil, e todos os estrangeiros ilegais parem esta invasão de nosso país’, postou Trump no Truth Social.
Edward Alden, especialista em comércio do Conselho de Relações Exteriores, afirma que Trump vê as tarifas como uma medida positiva para os EUA. ‘Não há dúvida de que ele está falando sério’, disse Alden. ‘Isso está no topo da lista de promessas.’ Na sua primeira gestão, Trump usou as tarifas por primeira vez como uma tática para extrair concessões em uma série de objetivos de política externa, com o alvo maior sendo a China, contra quem abriu uma guerra comercial que foi seguida pelo governo de Joe Biden, mas se estendeu a outros países.
Qualquer tipo de retaliação a ser feita contra os três países pode ter um efeito bumerangue. Os EUA, México, Canadá e China venderam quase US$ 1,5 trilhão em bens e serviços para os EUA no ano passado, mas compraram mais de US$ 1 trilhão em exportações americanas. O ING Group calculou que, se as novas tarifas de Trump forem totalmente repassadas, elas poderão custar para cada consumidor americano até US$ 2.400 por ano. Outro efeito é estimular a inflação nos EUA.
Fonte: @ NEO FEED
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