Presidente francês pede à UE para desistir de tratativas com bloco sul-americano após críticas.
Um acordo comercial pode ser fundamental para a economia de um país. Porém, em algumas situações, a discordância de líderes políticos pode levar à desistência de sua ratificação. Foi o que aconteceu com o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, que o presidente da França, Emmanuel Macron, considerou ‘antiquado’ e ‘mal remendado’.
Após o posicionamento contrário de Macron, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, recebeu o pedido do presidente francês para que o bloco europeu desista das tratativas com o bloco sul-americano. Este impasse pode significar um atraso nos grandes acordos comerciais que estavam sendo planejados.
A pressão política no acordo de livre comércio
‘A princípio, a última janela de oportunidade para negociar esse acordo foi no ano passado, quando a Espanha tinha a presidência da União Europeia, e o Brasil a presidência do Mercosul. E, para muitos, aquilo era o último momento, porque vão acontecer eleições parlamentares do Parlamento Europeu e este ano provavelmente será um parlamento menos propenso a aceitar grandes acordos comerciais’, disse ele.
‘Sem o apoio da França ou sem anuência da França, me parece muito pouco provável que este acordo que está sendo negociado há mais de 20 anos possa prosperar’, complementou Oliver em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (31).
O pouco avanço nas tratativas com o bloco sul-americano
Um acordo entre Mercosul e União Europeia é negociado desde 1999. Em 2019, foi concluída a primeira etapa das conversas. Desde então, os termos passaram à fase de revisão, o que ainda não terminou. Além disso, exigências adicionais das partes têm adiado a conclusão.
‘O que o Macron agora está fazendo é querendo encerrar esse assunto de uma vez por todas por motivos políticos internos. O acordo não é popular na França e mesmo com o fracasso das negociações, basicamente ele quer agora sinalizar para os eleitores que ele, de uma vez por todas, quer encerrar esse assunto.’
A influência das grandes negociações comerciais
Os motivos do presidente francês, como explica Oliver, passam desde o momento de fragilidade dele no país, ao que ele pensa sobre a posição da Europa.
‘O Macron está muito fragilizado, está numa fase em que dificilmente conseguirá implementar grandes reformas. […] O acordo não é popular entre os franceses. Há uma preocupação de que a ratificação poderia ameaçar a agricultura francesa, o que é verdade. A agricultura francesa não é competitiva, então isso seria uma péssima notícia para os agricultores que estão muito presentes no discurso ou no debate político francês.’
Oliver também aponta outra questão. Diferentemente da Alemanha, que ao longo das últimas décadas fez apostas no comércio internacional, Macron tem uma visão diferente para o continente.
Ouça a íntegra do episódio aqui.
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Carol Lorencetti, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva e Thiago Kaczuroski. Neste episódio colaborou: Sarah Resende.
VEJA CORTES DO PODCAST O ASSUNTO EM VÍDEO
Fonte: G1 – Política
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