Atração e retenção de talentos de nível executivo exigem inovação e estratégia em ofertas e termos, como incentivos de longo prazo, stock options, equity e divisão de riscos e ganhos.
A remuneração de altos executivos no Brasil tem sido objeto de mudanças significativas nos últimos anos, em um cenário econômico cada vez mais incerto e um mercado altamente competitivo. Para atrair e reter talentos de nível executivo, as empresas precisam ser criativas e estratégicas na estruturação de pacotes de remuneração que atendam às necessidades e expectativas desses profissionais.
Além disso, a compensação oferecida aos altos executivos não se resume apenas ao salário ou ao pagamento mensal. É preciso considerar outros benefícios, como participação nos lucros, opções de ações e planos de saúde, que podem influenciar significativamente a decisão de um executivo de permanecer ou deixar uma empresa. A remuneração é um fator-chave na retenção de talentos e, por isso, as empresas precisam estar atentas às necessidades e expectativas dos seus executivos para oferecer pacotes de remuneração atraentes e competitivos.
Remuneração: Um Desafio para as Companhias
A Maio Executive Search criou um documento sobre as tendências de remuneração e com reflexões relevantes sobre o tema, além de apontar para os desafios que as companhias enfrentam na elaboração desses pacotes de remuneração. Uma das grandes mudanças observadas foi o crescimento dos Incentivos de Longo Prazo (ILP), que se tornaram uma peça central na remuneração de executivos. Estes Incentivos, compostos por stock options, phantom stock options e equity, passaram a ser utilizados como uma forma de alinhar os interesses dos executivos com os dos acionistas.
A remuneração é um aspecto fundamental para as companhias, pois ela pode afetar a motivação e o desempenho dos executivos. No entanto, a realidade econômica desafiadora, marcada por crises e flutuações no mercado, tem mostrado que esses modelos, embora eficazes no papel, podem perder relevância em contextos de alta volatilidade. A crise nas empresas nativas digitais, por exemplo, ilustra bem esse ponto. Muitos executivos aceitaram pacotes baseados em stock options, abrindo mão de remuneração fixa e bônus de curto prazo, apostando em um futuro de crescimento explosivo.
Desafios na Estruturação dos ILPs
Porém, o que se viu foi a desvalorização dessas empresas, levando a uma frustração generalizada entre os profissionais que não conseguiram realizar os ganhos esperados. Esse cenário mostra a importância de uma estruturação cuidadosa e realista dos ILPs, afirma Marcelo De Lucca, sócio da Maio. A compensação dos executivos precisa ser mais do que um reflexo de práticas globais; ela deve estar profundamente conectada à realidade de cada empresa e setor.
Outro ponto que merece destaque é o crescimento da indústria de private equity. Nas últimas décadas, o aumento dos investimentos nessa modalidade trouxe uma nova forma de pensar a remuneração executiva, baseada na divisão de riscos e ganhos. O alinhamento entre o desempenho das empresas investidas e a remuneração dos executivos foi uma das grandes promessas desse setor. Contudo, assim como ocorreu com as startups, a dificuldade em concretizar saídas lucrativas, como IPOs, tem frustrado expectativas.
Pacotes de Compensação Flexíveis
Diante desses desafios, é evidente que os pacotes de compensação precisam ser mais do que um reflexo de práticas globais; eles devem estar profundamente conectados à realidade de cada empresa e setor. No Brasil, as empresas de controle familiar, que enfrentam o desafio da transição geracional e da consolidação setorial, estão oferecendo pacotes que equilibram a remuneração fixa com componentes variáveis robustos, além de inovarem nos benefícios e ILPs. Para essas companhias, a disputa por talentos com grandes multinacionais e empresas de capital aberto exige uma abordagem flexível e alinhada aos objetivos de longo prazo, complementa De Lucca.
Outro aspecto crítico que não pode ser negligenciado é a complexidade regulatória e a carga tributária associada aos ILPs. O Brasil ainda carece de uma pacificação jurídica sobre a natureza desses incentivos, o que gera incertezas tanto para executivos quanto para empresas. Além disso, a volatilidade econômica impõe desafios adicionais, já que a flutuação das ações pode reduzir drasticamente o valor desses incentivos. As metas de desempenho associadas aos bônus de curto prazo também evoluíram, e é fundamental que as companhias considerem esses aspectos ao estruturar os pacotes de remuneração.
Fonte: @ Mercado e Consumo
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