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Livro mais vendido na Amazon de literatura latino-americana ganha versão em inglês pelo ITA, graças a escritor brasileiro.
Recentemente, a obra de Machado de Assis se tornou o livro de literatura latino-americana mais vendido na Amazon – graças a uma publicação no TikTok. ‘Por que vocês não me disseram que este era o melhor livro já escrito?’, questiona Courtney Henning Novak, escritora e podcaster americana e autora do vídeo que se tornou viral.
Essa interpretação do clássico de Machado de Assis ganhou destaque graças à viralização no TikTok, mostrando como as redes sociais podem influenciar as vendas de livros. A tradução da genialidade do autor brasileiro para a era digital revelou um novo público para essa obra atemporal.
A Saga da Tradução de ‘Brás Cubas’ e Seus Detalhes Intrigantes
Mas o que nenhum professor de literatura do colégio te contou foi que a própria saga da interpretação de ‘Brás Cubas’ renderia um livro e tanto. ‘É tudo muito imprevisível nessa narrativa’, menciona Flora Thomson-DeVeaux, encarregada da transcrição que se tornou viral nos Estados Unidos. Embora seja americana, ela reside há muitos anos no Rio de Janeiro, local de Machado. Tudo teve início nos anos 50, com um economista americano graduado em Harvard – e um sonho. ‘Esse indivíduo, William Grossman, era professor de Economia do Transporte Aéreo e foi contratado para lecionar em uma escola nova que estava sendo estabelecida aqui, que era o ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], em São José dos Campos’, relata Flora. Ao chegar lá, ele indagou a um colega qual era o maior escritor brasileiro, pois desejava aprimorar o português – e a resposta, naturalmente, foi Machado de Assis.
Com o trabalho concluído, Grossman regressou aos Estados Unidos e ofereceu a interpretação da obra para diversas editoras, porém nenhuma parecia disposta a publicar o livro. ‘A mais peculiar foi de uma editora dizendo: ‘Muito interessante esse livro que você traduziu. Eu acho que interessaria se a gente tivesse um departamento maior de livros didáticos’. Como se fosse um livro de história do Brasil’, narra Flora. Até que Grossman bateu à porta do editor de uma pequena editora denominada Noonday Press.
Nos anos 90, o livro recebeu uma nova edição em inglês, desta vez sob a autoria de Gregory Rabassa, renomado intérprete de literatura latino-americana. E, em 2020, finalmente foi lançada sua versão mais recente, fruto da tese de doutorado de Flora, após seis anos de intensa pesquisa. ‘Eu realizei a tradução sem saber se ela seria publicada. Era um projeto intelectual. O que me deixa muito contente é pensar que, após todo esse processo, alguém possa pegar a minha transcrição em inglês e ter uma reação que é muito autêntica e despretensiosa, e é a mesma que eu tive ao ler em português, que é assim: ‘Nossa, que livro incrível!’. Isso é realização’, destaca Flora. Nunca conseguiu concluir um livro de Machado por causa das aulas de literatura na escola? Talvez essa seja sua oportunidade de resignificar o trauma.
‘Eu desejava realizar uma pequena intervenção nas aulas de literatura brasileira no ensino médio para que os professores não sufocassem a radicalidade dessa obra em elogios sobre como Machado é relevante, ‘o pai da literatura brasileira’. É impossível você se divertir com algo se você está venerando. Eu acredito que não é um livro para ser venerado, é um livro para ser apreciado, saboreado’, ressalta Flora.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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