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O governo Lula III difere do Lula I. Comparando com o primeiro, a culpa do atual não ser tão bem-sucedido é do futuro.
Visualize, caro leitor, que o presidente Lula da Silva fosse Marty McFly, aquele personagem do filme ‘De Volta para o Futuro’ e tivesse viajado, em 2003, para 2024 e lá visse seu governo futuro.
Nesse encontro com o futuro, Lula da Silva se depararia com um cenário completamente novo, repleto de desafios e oportunidades. O que ele pensaria sobre seu destino político e o rumo do país? O futuro reserva surpresas inimagináveis, capazes de transformar o curso da história em um piscar de olhos.
O Futuro de Lula e a Economia Brasileira
Ao vislumbrar o futuro, Lula decide retornar e reconfigurar sua abordagem durante seu primeiro mandato, baseando-se nos pilares macroeconômicos estabelecidos por FHC: superávits primários, metas de inflação e câmbio flutuante. Com Palocci, Meirelles, Lisboa e Levy ao seu lado, o resultado foi um sucesso notável. O governo Lula III se destaca de forma marcante em relação ao Lula I.
Quando comparamos os dois períodos, é evidente que a falta de sucesso do governo atual pode ser atribuída, em grande parte, ao ‘futuro’. Analisando o primeiro semestre de 2024 como ponto de referência, deparamo-nos com um cenário marcado por desafios. O ano anterior foi dominado por questões políticas, embora tenhamos visto avanços econômicos, como a aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária.
Até a data de 17 de junho, o real sofreu uma desvalorização de 12% em relação ao dólar, enquanto o rendimento da NTN-B de 2035 ultrapassou os 6%, refletindo um ambiente de extrema volatilidade. Além disso, a bolsa brasileira registrou o pior desempenho global, com uma queda superior a 11%.
Essa conjuntura desfavorável pode ser atribuída a diversos fatores, tais como incertezas em relação ao quadro fiscal, a transição no Banco Central e a saída de investidores estrangeiros do mercado brasileiro. A política monetária americana, por sua vez, não se mostrou tão favorável como se esperava.
A implementação do novo arcabouço fiscal, que substituiu o ‘Teto dos Gastos’, foi questionada devido à redução das projeções governamentais e aos possíveis contingenciamentos de despesas. O déficit nominal ultrapassou os 9%, e as perspectivas de reversão tornam-se cada vez mais limitadas, especialmente diante da possibilidade de interrupção do ciclo de redução da taxa de juros.
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem enfrentado desafios internos, assemelhando-se às trajetórias de Palocci e Levy em governos anteriores. Enquanto isso, o presidente do Banco Central, RCN, tem sido alvo de críticas por parte do PT, o que gera incertezas em relação à sua sucessão em 2025.
No cenário internacional, as expectativas em relação às decisões do FED foram ajustadas, com previsões mais moderadas em relação às reduções de juros. Muitos investidores optaram por realocar seus recursos para aproveitar as condições favoráveis nos mercados estrangeiros, especialmente diante da valorização expressiva de índices como o Nasdaq e o S&P 500.
Destaca-se o desempenho positivo de empresas ligadas à inteligência artificial, como a Nvidia, que impulsionaram o mercado acionário nos Estados Unidos. Esses movimentos refletem a dinâmica complexa e interconectada dos mercados globais, que continuam a ser influenciados por uma série de variáveis econômicas e políticas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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