O presidente é fiel a Deus e ao Biriba, o mascote do clube, considerando o objeto-da-sorte como marca pessoal, essencial como a roupa-indispensável, mais importante que o prato-de-comida diário, um ritual-sagrado e parte-integral da vida.
Através dos anos, percebemos que alguns elementos recorrentes são uma questão de superstição para muitos torcedores e jogadores. Cada um tem o seu objeto ou ritual que o faz se sentir mais confiante no dia do jogo.
Alguns até chegam a acreditar que o uso dessa peça de superstição, faz com que eles tenham mais fé e conquistem a vitória. É importante lembrar que, embora esses elementos sejam uma parte do futebol, eles não são a verdadeira razão pela qual o jogo é disputado, mas sim uma crença que muitas pessoas têm. Embora possa parecer um pouco supersticioso, é algo que faz parte da experiência de assistir e participar dos jogos.
✅O Retorno do Botafogo
A história da superstição no futebol brasileiro tem suas raízes no Botafogo, um dos clubes mais influentes do país. Carlito Rocha, uma das figuras mais importantes da história do clube, completaria 130 anos se estivesse vivo. Além de transformar o Alvinegro em um dos principais clubes do país, Carlito deixou um legado duradouro: a crença na própria fé.
Carlito era um homem de personalidade forte, conhecido por colocar o Botafogo em primeiro lugar em todas as relações, incluindo sua fé em Deus. Ele era extremamente religioso, carregando dezenas de santinhos no bolso e distribuindo para os jogadores antes das partidas. Ele acreditava que o objeto da sorte, os santinhos, traziam bênçãos e sorte para dentro de campo. A prática era tão importante que Carlito afirmava que os jogadores deveriam beijar os objetos, acreditando que isso traria ganho de sorte.
A capelinha construída por Carlito ainda existe na entrada da sede do clube, General Severiano. Foi construída com o intuito de criar um ritual sagrado para os jogadores antes das partidas. A ideia era que a capelinha fosse uma parte integral do ritual de superstição, ajudando a afastar a sorte dos adversários.
Carlito Rocha foi um homem multifacetado, tendo sido presidente, atleta, juiz, dirigente, preparador físico e psicólogo do clube. Ele era o tipo de pessoa que se dedicava inteiramente ao Botafogo. Rafael Casé, historiador e autor do livro ‘Somos todos Carlito’, afirmou que Carlito foi a personificação do Botafogo: ‘Ele não foi só presidente e atleta do clube, ele foi tudo para o clube. O clube era a vida dele.’
A fé e a crença de Carlito em Deus o tornaram supersticioso. Ele acreditava que muitas coisas aconteciam por um sinal divino. Ele amarrava as cortinas da sede do clube, acreditando que isso amarrava as pernas dos adversários dentro de campo. O caso mais famoso envolvendo as crenças de Carlito é Biriba: ‘Foi ele que fez a gente ser maluco do jeito do que a gente é. Ele que fez a gente ser supersticioso e acreditar no imaginário.’
A fama das crenças de Carlito chegou ao ponto de ser publicada em uma coluna do jornal ‘Manchete Esportiva’ em 1957. Carlito afirmou ter conversado com Deus em uma visão e que o clube seria campeão. O Alvinegro venceu a final do Carioca por 6 a 2.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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